O que é preciso saber antes de iniciar um projeto de Business Intelligence?

A elaboração de um projeto de Business Intelligence vai passar por diversas etapas, que vão do levantamento dos requisitos e necessidades do negócio até o aceite final do projeto por parte do cliente.

Algumas dessas fases vão requerer um conhecimento puramente técnico, enquanto outras fases vão necessitar de uma maior abstração por parte dos analistas de BI que, juntamente com o cliente, terão a necessidade de definir o escopo e, talvez o mais importante, saber que tipo de informação o cliente espera obter após a implementação do projeto.

Um pré-requisito nesse caso é saber o que de fato pode ser considerado como um projeto de BI. Muitas vezes o cliente que solicita os serviços de Business Intelligence não tem ideia do que representa tal perspectiva, pois não é raro acontecer de após a entrevista com o cliente percebermos que o que ele precisa na verdade é de apenas novos relatórios para o seu sistema.

É comum o cliente solicitar uma consultoria de BI simplesmente porque o seu Sistema de Informação não produz relatórios para atender as consultas ad-hoc, aquelas que vão responder as questões pontuais que surgem no dia-a-dia.

Não precisamos de um BI para saber, por exemplo, quantas unidades de determinado produto foram vendidas no último mês, nem mesmo para saber quais clientes ainda não quitaram o boleto de pagamento. O BI vai muito além disso, pois permite o total controle dos dados sob forma de informação e conhecimento ao longo do tempo, possibilitando análises históricas, comportamentos, integração, padrões e cruzamento entre os dados que estão sendo analisados.

Outro passo importante é definir o escopo do projeto, já que as empresas normalmente possuem uma grande quantidade de dados espalhados nos diversos sistemas e planilhas utilizadas pelos seus colaboradores. É preciso saber quais desses dados serão necessários para as análises que os gestores precisam para a tomada de decisão.

A primeira coisa que precisamos é definir qual será o fato que será tratado nas análises. O Fato, nesse caso uma palavra técnica, é a ocorrência, a ação que será o objeto de estudo dentro de uma análise de BI. A título de exemplo, o fato pode ser uma venda, um aluguel, um pedido, uma movimentação bancária, um contrato, ou qualquer outra ação a qual o cliente precise registrar, para posteriormente obter informações gerenciais.

Definido o fato, precisaremos descobrir que tipo de informação será relevante para analisarmos juntamente com o Fato. Uma boa prática nesse momento é usar os pontos cardeais do BI para descobrir que tipos de dados farão parte da referida análise.

Os chamados pontos cardeais (Figura 1) são quatro perguntas que nos ajudarão a identificar quais serão as informações que poderemos utilizar como filtro em nossas consultas, em termos técnicos, as futuras tabelas-dimensão do Data Warehouse.

Pontos Cardeais do BI – Fonte: Do Autor

 

Os pontos cardeais do BI são:

  • Quem? : Esta dimensão apresenta o ator que está de alguma forma envolvido no Fato, por exemplo, um cliente, um aluno ou um vendedor, dependendo do tipo de negócio;
  • Quando?: Esta será a dimensão temporal, que indica quando o fato ocorreu. Esta dimensão é a única obrigatória no modelo, já que vai permitir que sejam possíveis a realização de análises temporais;
  • Onde?: Esta é a dimensão geográfica, que vai identificar o local de ocorrência do Fato, pode ser um lugar geográfico como cidade, estado ou país, ou um local físico onde o fato ocorreu, como uma filial de uma loja ou um departamento de um empresa;
  • O que?: Esta é a dimensão de objeto, ela vai trazer informações sobre o objeto que está envolvido com o fato, por exemplo, um livro, no caso de uma biblioteca, um carro, no caso de uma concessionária, ou um produto, no caso de uma venda.

A título de exemplo, vamos imaginar a modelagem de um Data Warehouse (Figura 2) para controlar os aluguéis de livros em uma rede de bibliotecas de uma universidade, onde espera-se conhecer o comportamento dos alunos em relação ao acervo da biblioteca:

O Fato que queremos tratar é o Aluguel, pois a ação e o objeto de estudo que será analisado está relacionado com cada aluguel de livro feito pelo aluno na biblioteca. Já as dimensões nesse caso seriam:

  • Quem? O aluno;
  • Quando? A data do aluguel;
  • Onde? Qual foi a biblioteca em que o aluguel foi realizado;
  • O que? Qual foi o livro alugado;
Modelo Biblioteca. Fonte: Do autor

 

Assim, de forma tímida, já sabemos quais dados serão utilizados em nossa análise, o que já permite o início da modelagem do DW, além da percepção de escopo, e do direcionamento do projeto como um todo.

É claro que ainda há muito a saber, como questões voltadas para a periodicidade da carga, a granularidade dos dados e a seleção de todos os campos que deverão ser carregados do transacional para o Data Warehouse do projeto.

Neste artigo procurei abordar os passos iniciais na preparação de um Projeto de BI, com foco nos dados, mas há também outros aspectos que precisamos levar em consideração durante a análise inicial do problema do cliente, como questões de infraestrutura, por exemplo, se o projeto será On Premise (local) ou se será implementado em servidores na nuvem (Cloud Server), quais licenças de software precisaremos adquirir, pois o cliente pode ter preferência por algum tipo de software, dentre outros aspectos relacionados ao CID (Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade).

Estas e outras questões necessárias para iniciar um projeto de BI discutiremos em um artigo futuro aqui no blog. Fiquem ligados!

Anderson Nascimento

Mestre em Sistemas de Informação, Professor Universitário e Consultor em Business Intelligence.

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